Em maio de 2020, a produção industrial cresceu 7,0% frente a abril de 2020 (série com ajuste sazonal), interrompendo dois meses de resultados negativos consecutivos: -9,2% em março e -18,8% em abril. Em relação a maio de 2019 (série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 21,9%, sétimo resultado negativo seguido nesse tipo de comparação e a segunda queda mais elevada desde o início da série histórica, atrás apenas de abril de 2020 (-27,3%). No ano, a indústria acumulou queda de 11,2%. Em 12 meses, o recuo foi de 5,4%, o mais intenso desde dezembro de 2016 (-6,4%). A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) (link no rodapé).

Maio 2020 / Abril 20207,0%
Maio 2020 / Maio 2019– 21,9%
Acumulado no ano-11,2%
Acumulado em 12 meses– 5,4%
Média Móvel Trimestral– 8,0%

A expansão de 7,0% em maio de 2020 foi a mais elevada desde junho de 2018 (12,9%), mas eliminou apenas pequena parte da queda de 26,3% acumulada entre março-abril de 2020. O comportamento positivo foi disseminado, explicado especialmente pelo aumento do ritmo produtivo, após os meses de março e abril refletirem o aprofundamento das paralisações ocorridas em diversas plantas industriais, por conta do movimento de isolamento social em função da pandemia da COVID-19. Porém, mesmo com o desempenho positivo mais acentuado em maio, o total da indústria ainda se encontra 34,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Ainda na série com ajuste sazonal, permanece o comportamento de queda do índice de média móvel trimestral, com o total da indústria registrando recuo de 8,0% em maio de 2020 frente ao nível do mês anterior, mantendo a trajetória predominantemente descendente iniciada em outubro de 2019.

Produção avançou em todas as categorias econômicas e em 20 dos 26 ramos

O avanço de 7,0% da atividade industrial na passagem de abril para maio de 2020 teve perfil generalizado de crescimento, alcançando todas as grandes categorias econômicas e 20 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, as influências positivas mais relevantes foram em veículos automotores, reboques e carrocerias (244,4%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (16,2%); e bebidas (65,6%), impulsionados, em grande medida, pelo retorno à produção (mesmo que parcialmente) de unidades produtivas, após as paralisações/interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas, devido aos efeitos causados pela pandemia da COVID-19.

Com esses resultados, veículos automotores, reboques e carrocerias interrompeu dois meses seguidos de queda na produção e marcou a expansão mais acentuada desde o início da série histórica, mas ainda assim se encontra 72,8% abaixo do patamar de fevereiro último. Já coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis voltou a crescer após três meses consecutivos de taxas negativas, período em que acumulou perda de 20,0%. Enquanto que bebidas eliminou parte da redução de 49,6% acumulada nos meses de março e abril de 2020.

Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos de minerais não-metálicos (16,9%), de metalurgia (9,5%), de produtos de borracha e de material plástico (13,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (49,7%), de produtos de metal (13,4%), de máquinas e equipamentos (9,0%), de móveis (49,1%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,0%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (13,2%), de outros equipamentos de transporte (57,9%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (12,3%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,7%).

Por outro lado, entre os seis ramos que assinalaram recuo na produção, os desempenhos de maior importância para a média global foram registrados por indústrias extrativas (-5,6%), celulose, papel e produtos de papel (-6,4%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-6,0%). A primeira manteve o comportamento negativo presente desde setembro de 2019 e acumulando nesse período redução de 18,1%. A segunda marcou o terceiro mês seguido de queda na produção, com perda de 8,3% nesse período. E a terceira eliminou parte do crescimento de 7,9% observado entre fevereiro e abril de 2020.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em comparação com abril de 2020, bens de consumo duráveis, ao crescer 92,5%, e bens de capital (28,7%) mostraram as taxas positivas mais acentuadas em maio de 2020, com ambos interrompendo dois meses seguidos de queda na produção e marcando os avanços mais elevados desde o início de suas séries históricas. Apesar dos resultados positivos elevados, os segmentos ainda se encontram bem abaixo do patamar de fevereiro último: -69,5% e -36,1%, respectivamente.

Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (8,4%) e de bens intermediários (5,2%) também assinalaram crescimento na produção, com o primeiro também avançando acima da média da indústria (7,0%) e interrompendo três meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou recuo de 22,9%; e o segundo voltando a crescer após acumular perda de 18,2% nos meses de março e abril de 2020.

Média móvel trimestral recua 8,0%

Ainda na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria caiu 8,0% no trimestre encerrado em maio de 2020 frente ao nível do mês anterior, após recuar 8,8% em abril, mantendo, a trajetória predominantemente descendente iniciada em outubro de 2019. Vale destacar que as reduções de abril e de maio foram as mais acentuadas desde o início da série histórica.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação ao movimento deste índice na margem, os segmentos de bens de consumo duráveis (-36,3%) e de bens de capital (-15,4%) assinalaram os recuos mais elevados nesse mês. O primeiro intensificou a queda verificada no mês anterior (-30,4%) e marcou o resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica. Já bens de capital permaneceu com a trajetória predominantemente descendente iniciada em junho de 2019. Bens de consumo semi e não-duráveis caiu 6,1%, mantendo o comportamento negativo desde dezembro de 2019 e acumulando perda de 18,7%. Já bens intermediários recuou 5,0%, prosseguindo com a trajetória predominantemente descendente iniciada em outubro de 2019.

Indústria recuou 21,9% na comparação com maio de 2019

Na comparação com maio de 2019, o setor industrial recuou 21,9% em maio de 2020, com resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, 22 dos 26 ramos, 72 dos 79 grupos e 81,9% dos 805 produtos pesquisados. Além do efeito-calendário negativo, já que maio de 2020 (20 dias) teve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior (22), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção devido à influência dos efeitos do isolamento social, que afetou o processo de produção de várias unidades produtivas no país.

Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-74,5%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria, pressionada, em grande medida, pelos itens automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para o transporte de mercadorias e autopeças.

Houve ainda contribuições negativas dos ramos de máquinas e equipamentos (-35,5%), de metalurgia (-28,0%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-60,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-26,4%), de outros produtos químicos (-17,1%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-36,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (-56,3%), de produtos de minerais não-metálicos (-25,0%), de produtos de metal (-25,0%), de outros equipamentos de transporte (-71,2%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,1%), de produtos têxteis (-46,5%), de indústrias extrativas (-5,7%), de produtos diversos (-50,6%) e de bebidas (-16,5%).

Por outro lado, ainda na comparação com maio de 2019, entre as quatro atividades que apontaram expansão na produção, as principais influências no total da indústria foram registradas por produtos alimentícios (2,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,6%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda no confronto com igual mês de 2019, bens de consumo duráveis (-69,7%) e bens de capital (-39,4%) assinalaram, em maio de 2020, os recuos mais acentuados entre as grandes categorias econômicas. Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (-19,3%) e de bens intermediários (-14,6%) também mostraram taxas negativas nesse mês, mas ambos com queda menos intensa do que a média nacional (-21,9%). Esses resultados negativos elevados ainda evidenciam as paralisações/interrupções ocorridas em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social por conta da pandemia da COVID-19.

O segmento de bens de consumo duráveis recuou 69,7% em maio de 2020 frente a igual período do ano anterior, quarto resultado negativo seguido nesse tipo de comparação e a segunda queda mais intensa desde o início da série histórica, abaixo apenas da perda verificada em abril último (-84,9%). O setor foi particularmente pressionado pela redução na fabricação de automóveis (-86,0%). Houve ainda recuos em eletrodomésticos da “linha branca” (-49,7%), eletrodomésticos da “linha marrom” (-30,8%), motocicletas (-85,7%) e pelos grupamentos de móveis (-37,7%) e de outros eletrodomésticos (-49,0%).

O setor de bens de capital, recuou 39,4% em maio de 2020 em relação a igual período de 2019, na quarta taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação e a segunda mais elevada desde o início da série histórica, abaixo apenas da redução verificada em abril (-51,8%). O segmento foi influenciado pela queda observada no grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (-59,8%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para fins industriais (-36,1%), de uso misto (-21,7%), para construção (-41,1%), agrícolas (-21,2%) e para energia elétrica (-14,5%).

Ainda no confronto com igual mês do ano anterior, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis recuou 19,3% em maio de 2020, quinta taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação e a segunda mais elevada desde o início da série histórica, abaixo apenas da perda observada em abril último (-25,2%). O desempenho nesse mês foi explicado, principalmente, pela queda registrada no grupamento de semiduráveis (-53,9%). Vale citar também os resultados negativos assinalados pelos grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-9,9%), de não-duráveis (-13,8%) e de carburantes (-15,4%).

A produção de bens intermediários recuou 14,6% no índice mensal de maio de 2020, após também recuar em março (-1,5%) e abril (-17,4%) últimos. O resultado desse mês foi explicado, principalmente, pelos recuos nos produtos associados às atividades de produtos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-70,8%), de metalurgia (-28,0%), de outros produtos químicos (-17,0%), de produtos de minerais não-metálicos (-24,9%), de produtos de borracha e de material plástico (-24,9%), de produtos de metal (-27,3%), de máquinas e equipamentos (-41,1%), de indústrias extrativas (-5,7%), de produtos têxteis (-44,9%) e de celulose, papel e produtos de papel (-7,1%), enquanto as pressões positivas foram registradas por produtos alimentícios (16,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (9,7%).

Vale citar também os resultados negativos assinalados pelos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-21,5%), que apontou a sexta taxa negativa consecutiva; e de embalagens (-14,9%), que marcou a queda mais elevada desde o início da série histórica.

No índice acumulado para janeiro-maio de 2020, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial recuou 11,2%, com resultados negativos em quatro das quatro grandes categorias econômicas, 22 dos 26 ramos, 63 dos 79 grupos e 75,8% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias (-42,0%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria.

Vale destacar também as contribuições negativas assinaladas pelos ramos de metalurgia (-13,9%), de máquinas e equipamentos (-16,3%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-34,3%), de bebidas (-15,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (-31,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-15,3%), de produtos de borracha e de material plástico (-12,7%), de outros equipamentos de transporte (-39,3%), de produtos de metal (-13,3%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-16,0%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-16,8%), de indústrias extrativas (-3,1%), de outros produtos químicos (-6,2%) e de produtos têxteis (-21,4%).

Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para os cinco meses de 2020 mostrou menor dinamismo para bens de consumo duráveis (-37,1%) e bens de capital (-21,0%), pressionadas, em grande parte, pela redução na fabricação de automóveis (-49,8%), na primeira; e de bens de capital para equipamentos de transporte (-35,3%), na segunda. Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (-11,2%) e de bens intermediários (-6,7%) também assinalaram taxas negativas no índice acumulado no ano, com o primeiro repetindo a magnitude de queda observada na média nacional (-11,2%); e o segundo registrando o recuo menos intenso entre as categorias econômicas.

Fontes:

IBGE: